A resposta é: Ambas :)
Mas de onde vem o nome "Raku"?
Originário de Quioto, no Japão, o termo "Raku" está ligado ao artesão ceramista Sasaki Chōjirō, antepassado da família Raku durante o período Momoyama, em meados do século XVI.
Chōjirō, apoiado então pelo seu amigo próximo e mestre de chá Sen Rikyū, moldou tigelas à mão para serem usadas nas cerimónias de chá de estilo Wabi, onde desenvolveu um método particular de vidração caracterizado pelo uso exclusivo de vidros monocromáticos pretos ou vermelhos - o ideal da estética Wabi defendido por Rikyû.
Contudo, inicialmente, este conceito chamava-se "Ima-yaki" ("artigos de agora"), ou seja, artigos produzidos na época como actuais, sendo que as tigelas de chá eram então consideradas como vanguardistas. Mais tarde passou a chamar-se "Juraku-yaki, ("artigos de Juraku"), devido ao facto da casa da família Raku estar situada perto do Palácio Jurakudai, local onde residia o mestre Sen Rikyû. O termo "Juraku-yaki" acabou sendo abreviado para "Raku-yaki" ("mercadoria de Raku") e Raku tornou-se então o nome da família que produziu estes artigos.
Hoje em dia, o termo "Raku" está bem difundido em todo o mundo, principalmente pela singularidade e rapidez de resultados, na simbiose entre os elementos da natureza: argila, fogo e orgânicos. Aliás, é esta "dança" entre os 3 elementos que eleva a técnica Raku ao seu estatuto de arte.
Tigela de chá, conhecida como "Suchiro". |
Portão frontal de Myōkaku-ji. |
Como funciona a técnica Raku?
Uma das vantagens que diferencia esta técnica é a obtenção de resultados com maior rapidez, comparando com a produção de cerâmica com cozedura e vidração tradicional.
Muito embora haja algum controlo sobre as cores, traços e efeitos decorativos, esta técnica reserva sempre enormes expetativas sobre o resultado final. É esta imprevisibilidade e coloração intensa que atrai os ceramistas modernos.
Durante a cozedura a argila e o vidro são fundidos a altas temperaturas, um processo que pode variar entre 2 a 72h, dependendo da técnica e do critério de cada ceramista e do combustível usado.
Os fornos mais comuns atualmente para esta técnica são modelos a gás (com uma cozedura aproximada de até 2h), elétricos (até 10h), ou a lenha (que pode durar mais de 72h).
As peças são então retiradas do forno ainda incandescentes com ajuda de uma tenaz própria, banhadas em água fria, brusca ou lentamente, consoante o efeito pretendido pelo artista.
Por fim, são colocadas num recipiente para carbonização, onde permanecem fechadas por algum tempo em atmosfera redutora, juntamente com compostos orgânicos como: serradura, folhas secas ou verdes, cascas ou gravetos.
Forno a gás para Raku modelo BTHERM R 80. |
Peças incandescentes em cozedura na Barrolaria - Porto de Mós. |
Como se dá magia na alquimia?
O choque térmico e o oxigénio disponível durante a cozedura criam fissuras superficiais, interrompendo o processo químico do vidro e fixando as cores, que culminam em formas totalmente aleatórias.
Em simultâneo, a combustão do material orgânico pelo calor da peça, promove a sua carbonização, manchando duma forma imprevisível as partes não vidradas.
Por isso se diz que numa cozedura de Raku, duas peças jamais ficarão iguais ;)
Taça de Cerimónia de Chá Aka Raku. |
Taça de Cerimónia de Chá Aka Raku "Nue" (séc. XVII). |
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